EVANGELICOS, FERIDA E DISSIDENCIA: POETICA FEMINISTA NEGRA ENQUANTO CURA?
Espiritualidades; Cristianismo Evangélico; Racialidade; Feminismo Negro; Saúde Mental
Esta tese investiga como sujeitos negros ex-evangélicos e evangélicos dissidentes no Brasil produzem espiritualidades de fronteira
a partir da experiência com a Igreja Evangélica, da ruptura com suas estruturas normativas e da elaboração de novas formas de existir.
Articulando autoetnografia, survey e entrevistas em profundidade, a pesquisa analisa como raça, fé, gênero, classe e sexualidade se
entrelaçam nas trajetórias de reinvenção espiritual, afetiva e política desses sujeitos. Parte-se das noções de "mau encontro colonial" e
"ferida" para compreender os impactos da religiosidade evangélica na saúde mental e na subjetividade negra, e propõe o conceito de
espiritualidade de fronteira como práxis estética, ética e insurgente. A tese também foca em artistas negros ex-evangélicos, cujas obras e
performances expressam poéticas de reexistência, elaborando uma crítica à colonialidade da fé e à moral evangélica tradicional. A proposta
é compreender essas práticas como contra-movimentos simbólicos e práticos, coletivos e individuais, que ampliam os sentidos de dignidade
humana, amor e liberdade para além das doutrinas institucionais, promovendo melhores condições para o estabelecimento de uma melhor
qualidade de saúde mental entre pessoas negras no Brasil.