Tratamento da candidíase vulvovaginal: um panorama geral a partir de uma revisão de escopo.
Candidíase vulvovaginal, agentes antifúngicos, tratamento, mulheres adultas.
A candidíase vulvovaginal (CVV) configura-se como a segunda infecção genital mais comum em mulheres e a principal etiologia das vaginites, afetando aproximadamente 75% das mulheres adultas ao menos uma vez na vida, com uma parcela significativa (5% a 9%) evoluindo para a forma recorrente (CVVR). Diante da
relevância clínica e do crescente desafio imposto pela resistência aos antifúngicos azólicos, historicamente o tratamento padrão, esta revisão de escopo buscou mapear, classificar e sintetizar as abordagens terapêuticas existentes e emergentes para a CVV em mulheres adultas. A metodologia seguiu as diretrizes do Joanna Briggs Institute (JBI) e PRISMA-ScR, utilizando a estratégia PCC (População: mulheres adultas com CVV; Conceito: abordagens terapêuticas; Contexto: diferentes níveis de cuidado em saúde). A busca sistemática em bases de dados resultou na inclusão de 219 estudos. Os resultados demonstram um crescimento progressivo da
produção científica, com picos acentuados entre 2017 e 2024, impulsionado pela ineficácia dos tratamentos e pela emergência da resistência antifúngica. A análise etiológica confirmou a dominância histórica de C. albicans (47,8%), mas revelou a notável ascensão de espécies não-albicans (CNAs), que somam 37,8% dos isolados
e estão intrinsecamente associadas à diminuição da sensibilidade aos azólicos. O panorama terapêutico (1959-2025) aponta para uma transição: embora os Antifúngicos Azólicos (AFA) representem 60% dos estudos (Clotrimazol e Fluconazol em destaque), observa-se um crescimento expressivo nas Terapias Combinadas
(COMB) e nas Abordagens Alternativas e Complementares (CAM), incluindo probióticos, Ácido Bórico e imunoterapias. Entre as novas moléculas, o Ibrexafungerp e o Oteseconazol despontam como promessas para combater cepas resistentes e a recorrência. A maior parte da investigação se concentrou na CVV
geral (62%), mas a CVVR representou 21% dos estudos, sinalizando um foco crescente, porém ainda insuficiente, no manejo da recorrência. Em conclusão, a pesquisa atual reflete a necessidade de um paradigma terapêutico integrado, que vá além da ação antifúngica direta, incorporando a modulação do microbioma e a resposta imune da paciente para superar o complexo desafio da CVV.