O estudo concentra-se em analisar as transformações geomorfológicas e ambientais induzidas por atividades antrópicas na desembocadura do Rio Maracaípe, em Pernambuco. Empregando uma combinação de técnicas de sensoriamento remoto e sistemas SIG para vetorização e delimitação das áreas, utilizando imagens de alta e baixa resolução espacial para documentar as mudanças ocorridas entre 1980 e 2023, além de análises realizadas com o Digital Shoreline Analysis System (DSAS) e o método End Point Rate (EPR). A análise com imagens de satélite de baixa resolução de frequência aproximadamente anual, permitiu identificar o crescimento dos esporões ao longo das décadas. Entre 1980 e 1996, o esporão norte experimentou um crescimento de aproximadamente 25%, enquanto o esporão sul cresceu em cerca de 30%. Durante este período, também foi possível observar a variação na desembocadura do Rio Maracaípe, que, antes de 1996, variava entre as direções norte e leste. A partir de 1996, essa desembocadura se estabilizou na direção leste, em grande parte devido à fixação antrópica do esporão sul, iniciada em 1987. Com o uso de imagens de alta resolução espacial, o estudo aprofundou a análise das transformações costeiras, documentando alterações na cobertura e uso e ocupação dos esporões ao longo dos anos. Houve um aumento significativo na área de manguezais no esporão norte, com um crescimento de cerca de 35%, atribuído ao acúmulo de sedimentos no interior do esporão. Paralelamente, o crescimento das edificações nos esporões foi notável, com um aumento de aproximadamente 40% nas áreas urbanizadas ao longo das últimas décadas. A fixação do esporão sul foi consolidada com a construção de enrocamentos, que contribuíram para a supressão da praia e estabilização artificial da linha de costa. O uso do DSAS foi fundamental para as análises da linha de costa, permitindo a quantificação da taxa média de erosão na linha de beira mar do esporão norte, que foi de 0,38 centímetros por ano. Este dado é particularmente relevante, pois a erosão no esporão norte está diretamente relacionada à mudança na deposição de sedimentos, agora direcionada para o leste, após a estabilização da desembocadura. Além disso, a análise revelou o descobrimento de recifes de corais que emergiram devido à migração dos sedimentos acumulados para o leste. Esses recifes desempenham um papel crucial na estabilização dos bancos submersos, absorvendo a energia das ondas e, assim, protegendo a costa da erosão e mantendo a estabilidade morfológica da região.