ESTUDO DA MORFODINÂMICA DA ZONA COSTEIRA DO MUNICÍPIOSÃO JOSÉ DA COROA GRANDE /PERNAMBUCO - BRASIL, POR MEIO DEUM LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO UTILIZANDO GNSS, PARA SUBDISIDIAR UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL.
LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO UTILIZANDO GNSS
O presente estudo tem como objetivo analisar a evolução do ambiente praial do
município de São José da Coroa Grande/Pernambuco - Brasil, por meio de um
levantamento topográfico com a utilização de GNSS, e levantamento sedimentologico a
fim de subsidiar planos de gestão sustentável da zona costeira do município. A praia de
São José da Coroa Grande está localizada a 123 km da capital Recife, no município de
São José da Coroa Grande, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, limite com o Estado
de Alagoas O município é o menor do litoral sul de Pernambuco, com 69,184 km² de
superfície, apresentando uma população de 18.825 (IBGE, 2022). Localiza-se a uma
latitude 08º53'52" sul e a uma longitude 35º08'52" oeste, estando a uma altitude de 2
metros. A hidrografia de São José da Coroa Grande é composta pelos rios perenes, que
limitam a área ao sul e ao norte, o Rio Persinunga, e o Rio Una, respectivamente,
passando pelo Ilhetas, que deságua em foz comum com o Mamucaba, nos limites sul da
bacia de Tamandaré, o rio Barra do Cruz e o Una, principal rio da área pela vazão e pelo
transporte de sedimento. Sua orla em determinados setores possui obras de contenção
desordenadas que afetam a paisagem litorânea, acesso de banhista às praias e promovem
déficit no balanço sedimentar costeiros. O estudo de fatores naturais mostra ser uma
ferramenta importante para a compreensão das modificações impostas ao meio
ambiente. Esses fatores em conjunto são responsáveis pelas alterações de uma região.
Sendo assim, para a preservação de praias e a proteção de propriedades costeiras, é
necessário a compreensão dos processos costeiros, como o movimento de sedimentos de
praia e a variação resultante na morfologia praial. É com o intuito de contribuir para
maior entendimento desses processos, que modificam a morfologia da praia da região,
que o presente projeto foi elaborado para assim obter informações e fornecer
contribuições para uma maior sustentabilidade do local e gerenciamento da costa. Entre
os desafios da Gestão Integrada da Zona Costeira brasileira está o monitoramento de
perfis de praia e estudo sedimentologico, para a criação de um banco de dados praiais,
como medidas de uma gestão sustentável da orla e ações a curto, médio e a longo prazo.
Os perfis topográficos foram obtidos através do levantamento de campo do projeto de
Pós-Doutorado, “Análise da variabilidade morfodinâmica do ambiente costeiro e suas
relações no processo erosivo da praia de São José da Coroa Grande - litoral sul de
Pernambuco, Brasil”, foram realizados através de caminhamento 21 perfis topográficos
ao longo do arco praial nos dias 21, 22 e 23 de março de 2023, durante baixamar da
maré de sizígia. O levantamento dos perfis foi feito com o equipamento (Global
Positioning Systm) Leica GS15 (GNSS Geodésico capta sinais GPS e GLONASS, L1 e
L2 e o software LeicaGeooffice, no modo relativo cinemático, o qual consiste na técnica
de posicionamento relativo à estação SAT 93110 que representa um dos vértices da
RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo). O ponto inicial foi gerado com a
técnica de posicionamento estático (20 mm), e os perfis topográficos foram obtidos com
a técnica de posicionamento relativo dinâmico, com uma taxa de gravação de 5s, para
garantir a obtenção dos pontos das coordenadas, em função da velocidade do
deslocamento (caminhada). Esse procedimento se deu através do posicionamento do
GPS, atribuindo-lhe coordenadas definidas em função da sua posição relativa em
relação ao Datum SIRGAS 2000 e em função da geometria da superfície de referência
utilizada. A operação matemática corresponde ao estabelecimento das coordenadas, que
se baseia em um cálculo sequencial, que utiliza os pontos intermediários e o Datum, ou
seja, cujas coordenadas são conhecidas do ponto de origem considerado. Os registros
armazenados foram processados em laboratório, através das correções de altura de
transdutor e de maré, sendo os resultados referenciados em função do zero hidrográfico
do Porto de Suape. Foram realizadas a coleta de 9 amostras ao longo do arco praial, na
baixamar, durante a maré de sizígia. Os sedimentos foram coletados em torno de 5 cm
superficiais nas regiões do estirâncio inferior, médio e superior, assim distribuídas: as
amostras referentes a sub-regiões do estirâncio, 1.0, 1.1 e 1.2, se localizam ao Norte; as
amostras 2.0, 2.1 e 2.2 na parte Central e 3.0, 3.1 e 3.2 estão localizadas ao Sul. Foram
trabalhadas no Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha (LGGM - UFPE), sendo
utilizada metodologia de Suguio (1973), que consiste no peneiramento úmido e seco.
Para o peneiramento úmido foi pesada 100g de cada e utilizada peneiras com abertura
de 2,0 e 0,62 mm, e o peneiramento seco, utilizou-se peneiras com intervalos de 1,0φ.
Essas amostras foram para um agitador de peneiras (rot-up) durante 10 minutos. O
tratamento estatístico dos sedimentos foi realizado pelo do Software Sysgran, em que,
as porcentagens de cada classe textural foram utilizadas para o cálculo dos parâmetros
estatísticos, e assim, determinar a média, seleção, assimetria, o desvio padrão e a
curtose. Os 21 perfis topográficos se encontram distribuídos de sul para o norte da área
de estudo, e apresentaram uma variação topográfica relevante em relação a sua
localização ao norte, centro e ao sul. Os perfis topográficos apresentaram uma variação
de altitude entre 1,6 a 6 m e um comprimento entre 14 a 110 m. Os perfis topográficos
de 1 ao 8 estão localizados no sul da área de estudo e possuem grandes extensões de
área molhada, depois da região do estirâncio em direção offshore. Os perfis de 1 a 4
apresentaram altitude entre 2,5 e 3,5 m, sendo que o perfil 1, apresentou uma maior
proeminência na região da pós praia. Em relação ao comprimento dos perfis, este
variou entre 26 a 62 m, e a forma predominante observada, foi a forma côncava, exceto
o perfil 2, que possui uma forma mais retilínea. Os perfis de 5 a 8 apresentaram uma
variação de altitude entre 1,4 e 3,0 m, e um comprimento entre 20 a 68 m; do grupo de
perfis do 5 ao 8, a forma predominante observada, foi a forma retilínea, sendo que, o
perfil 5 apresentou uma pequena elevação na região do estirâncio médio. Os Perfis 9 a
16 localizados na porção central; os perfis 9 a 12 apresentaram uma variação de
altitude entre 2,0 e 3,0 m e uma variação em comprimento entre 28 a 60 m, sendo que o
perfil 9, apresentou uma maior proeminência na região do pós praia; nos perfis de 13 ao
16 apresentaram uma altitude variada entre 0,9 e 4,0 m, e o comprimento variou entre
14 a 54 m; sendo que os perfis 13, 14 e 15, apresentaram uma proeminência maior na
região da pós praia; desse grupo de perfis, predominou a forma côncava, exceto o perfil
16 que possui uma forma levemente convexa. Os Perfis 17 a 21 estão localizados na
porção norte da orla. Esse trecho apresentou uma ocupação antrópica no pós-praia e
também no estirâncio com estabelecimentos comerciais. Nos perfis de 17 a 21
apresentaram uma altitude entre 2,5 e 5,0 m e um comprimento entre 16 a 110 m, foi
observado uma proeminência com uma forma côncava mais acentuada em direção ao
offshore. Os perfis 18, 20 e 21 apresentaram uma forma côncava com um rebaixamento
em suas regiões inferiores, bem como, uma pequena área proeminente na região inferior
dos perfis, formando provavelmente um canal provocado por erosão e a retirada dos
sedimentos, esses perfis também apresentaram também um maior grau de inclinação em
sua região superior. Nos resultados da análise granulométricas por setores e sub-regiões
do estirâncio, a média do tamanho do grão variou entre 2,36 a 2,71φ.