Crocheteando Narrativas de vida e identidade sociocultural: mulheres
negras, imaginário, arte e educação.
Imaginário; Mulher Negra, Narrativas de vida; Artes Visuais; Educação.
Esta pesquisa versa sobre o entrelaçamento entre imaginário, narrativas de vida
e identidade sociocultural de duas mulheres negras e periféricas, Neide Moreira e Wanda
Moreira, conhecidas carinhosamente por “Tia Neide” e “Tia Wanda”, respectivamente e
suas trajetórias no âmbito da educação. Esta investigação tem por objetivo compreender
como se dá a aprendizagem e os apagamentos na educação de mulheres negras artistas
a partir da sua identidade sociocultural e suas narrativas de vida. Tomando como base a
teoria do imaginário, estruturada por Gilbert Durand, procurei entender o processo de
ensino/aprendizagem nas artes visuais, como e porque se dá o apagamento dessas
mulheres artistas na arte e na educação. Esta pesquisa possui caráter qualitativo, uma
bricolagem de abordagens qualitativas e suas possibilidades metodológicas. Utilizando a
revisão sistemática (RS), entrevistas livres e semiestruturadas aplicadas às
colaboradoras, trazendo à tona aspectos que transpassam o percurso dos processos
artísticos e criativos na construção da identidade dessas mulheres. Com esta
investigação, pretendo identificar por meio da mitocrítica, os símbolos, os mitos e os
arquétipos que permeiam a produção artística destas mulheres. Neyde e Wanda Moreira,
assim como eu, descobrimos na maturidade o nosso potencial artístico e criador. As
colaboradoras de pesquisa tiveram um acesso precário à aprendizagem oferecida pelos
ambientes formais de educação. Atualmente, uma com noventa e dois e a outra com
noventa anos de idade, possuem uma produção artística, na qual arte e vida se
confundem. A criação destas mulheres tem uma linguagem própria, interrelacionada com
a trajetória vivenciada enquanto sujeitas, pertencentes a uma sociedade patriarcal e
racista. Para reconhecer o potencial transmutador, gerado pela educação e pela arte, a
pesquisa contempla espaços não-formais e informais de educação como ambiente
transformador, possibilitando um mergulho nos entendimentos relativos aos percursos de
aprendizagens significativas e inclusivas na vida artística de mulheres negras e
periféricas.