CORPONÍRICO.
Processo criativo; Representação feminina; Corpo; Nudez; Onírico.
O objetivo deste trabalho é desenvolver um corpo poético-visual coeso de imagens através
da fotografia. Empreender tal desenvolvimento através da reflexão sobre a criação de representações do corpo desnudo, enquanto símbolos da naturalização da condição humana na sociedade contemporânea, expressos e verificados através da linguagem fotográfica. Assim, buscou-se a compreensão de algumas das facetas que envolvem as representações do corpo e da corporeidade; tema ambivalente cuja controvérsia geralmente resulta na interpretação da nudez, e, sobretudo, a nudez feminina por despudorada/depravada e, em consequência disto, na censura e delimitação da exibição de seus corpos seja em manifestações artísticas, nas redes sociais, ou até nos espaços públicos. Este processo criativo parte das técnicas e práticas da fotografia para alçar em devaneios os corpos imaginados numa realidade afetiva através da senda aberta por artistas como Marta Pérez, Cris Bierrenbach e Francesca Woodman. Num diálogo tecido com um corpo teórico, por meio das obras de Isabelle Anchieta, Giorgio Agamben e Simone de Beauvoir. Tencionando a realização do processo de busca de representações alternativas sobre este corpo, ora visto e tratado como carne-espaço-lugar em sua relação de forma e materialidade, ora como canal permeado por experiências, vivências, agência, interdições — e por que não — delírio. Este corpo é também um meio de inferir questões sobre o ser no mundo em sua essência, o que é tão essencial à condição feminina. Portanto, propõe-se o desenvolvimento de processos artístico-criativos, como intervenções e/ou instalações artísticas em fotografias, experimentações, registradas e apresentadas no presente projeto gráfico. Aqui o corpo transpassa-se não só de formas poéticas e políticas, mas em especial de maneira simbólica, subjetiva e no limite, imagética e onírica.