Efeitos da intervenção com ambiente enriquecido precoce sobre o consumo alimentar e a imunorreatividade neuronal do transportador de serotonina no hipocampo na prole de nutrizes expostas à dieta cafeteria na lactação
Obesidade; Plasticidade Fenotípica; Transportador de Serotonina; Dieta Cafeteria; Ambiente Enriquecido.
O ambiente enriquecido (AE) é uma intervenção ambiental capaz de promover resistência à obesidade induzida por dieta, restaurando o equilíbrio energético, mesmo em exposição a uma alimentação rica em gordura. Além disso, o AE estimula a neurogênese no hipocampo e altera o sistema serotoninérgico. Este estudo avaliou os efeitos do AE associado à dieta cafeteria sobre parâmetros de crescimento somático, consumo alimentar e imunorreatividade de neurônios que expressam o transportador de serotonina (SERT) em animais jovens. Métodos: Foram utilizados ratos wistar, mantidos em condições padrão de biotério. Utilizamos uma manipulação nutricional com oferta de dieta no aleitamento (cafeteria (4,12kcal/g) ou controle (3,47kcal/g), e uma manipulação ambiental com dois tipos de alojamentos (controle ou enriquecido). Os roedores foram divididos em quatro grupos experimentais de acordo com a manipulação dietética de suas progenitoras e o ambiente no qual serão alojados: Dieta Controle em Ambiente Controle (CC; n=10), Dieta Controle em Ambiente Enriquecido (CE; n=10), Dieta Cafeteria em Ambiente Controle (CAFC; n=10), Dieta Cafeteria em Ambiente Enriquecido (CAFE; n=10). Em ambas os grupos experimentais, cada gaiola abrigou uma nutriz em aleitamento com oito filhotes durante o período de lactação. Foram analisados nas nutrizes: parâmetros de crescimento somático, consumo alimentar e o índice de massa corporal. Nos filhotes: parâmetros de crescimento somático, consumo alimentar e imunorreatividade de SERT no hipocampo. Resultados: Nutrizes submetidas à dieta cafeteria apresentaram alterações significativas. O grupo CAFC mostrou menor peso corporal na terceira semana da lactação (p<0,0103), redução no consumo alimentar (2a semana: p<0,0252; 3a semana: p<0,0009) e menor consumo calórico (2a semana: p<0,0458; 3a semana: p<0,0207), além de eficiência alimentar reduzida (p<0,0016) em relação ao grupo CC. Por outro lado, o consumo de gorduras foi maior nos grupos CAFC e CAFE durante as três semanas (CAFC vs. CC: p<0,0262 a p<0,0065; CAFE vs. CE: p<0,0096 a p<0,0092), enquanto o consumo de proteínas foi reduzido (CAFC: p<0,0002 a p<0,0001; CAFE: p<0,0257 a p<0,0004). Na prole, filhotes CAFC apresentaram maior peso corporal ao longo da lactação (7oDPN: p<0,0114; 14oDPN: p<0,0041; 21oDPN: p<0,0140). No 21o DPN, o peso dos filhotes CAFE também foi superior (p<0,0001). Em relação à imunorreatividade de SERT no hipocampo, os grupos alojados em AE (CAFE e CE) apresentaram maior densidade de SERT na região CA1 (CAFE vs. CC: p<0,0229; CE vs. CC: p<0,0047). Na região CA3, o grupo CAFE exibiu maior imunorreatividade (CAFE vs. CAFC: p<0,0001; CAFE vs. CE: p<0,0018; CAFE vs. CC: p<0,0051), enquanto o grupo CAFC mostrou redução significativa em relação ao CC (p<0,0006). Conclusão: Apesar da dieta cafeteria, a exposição ao AE durante o período crítico de desenvolvimento aumentou a imunorreatividade de SERT no hipocampo, destacando o potencial efeito neuroprotetor do AE em situações de desafios dietéticos