SONS DE RESISTÊNCIA: EDUCAÇÃO DE RITMOS AFRO-BRASILEIROS E PERNAMBUCANOS NO BRINCANTE POPULAR EM PERSPECTIVA DECOLONIAL
Arte e Cultura; Brincante Popular; decolonialidade; educação popular; educação em direitos humanos.
A colonialidade do poder e do saber segue impactando profundamente as estruturas sociais e epistemológicas do Brasil, perpetuando um epistemicídio que privilegia saberes eurocêntricos e apaga conhecimentos ancestrais. Em oposição a essa hegemonia, emergem iniciativas decoloniais dedicadas a resgatar e valorizar os saberes plurais do Sul Global. O problema central desta pesquisa é o apagamento histórico e estrutural vivido pelo Brincante Popular, grupo percussivo de Recife que, sob a liderança da arte-educadora Drica, mantém vivos ritmos e saberes ancestrais nos espaços públicos de Pernambuco, que enfrenta como luta-resistência: a dificuldade de acesso a políticas públicas de financiamento cultural; a exclusão dos circuitos oficiais de cultura e a estereotipia que reduz sua pluralidade ao rótulo de "Maracatu"; a falta de segurança pública em seus locais de ensaio e cortejo; e a precarização do trabalho artístico. O objetivo principal desta pesquisa é investigar a prática da educação no Brincante Popular. A principal pergunta que nos orienta a problematizar esta pesquisa é: “como o Brincante Popular atua na educação dos Brincantes?” Para alcançá-lo, a pesquisa propõe alguns objetivos específicos, como: mapear a historiografia do Brincante, destacando suas raízes culturais e contextos históricos; identificar e analisar as práticas educativas vivenciadas no âmbito da instituição, enfatizando suas metodologias e impactos socioculturais; e, explicitar o Brincante como uma prática decolonial, inserida no campo da Educação Popular. A pesquisa adota abordagem qualitativa, a partir do método da etnografia; os instrumentos incluem o diário de campo, a observação participante e as entrevistas semiestruturadas. Serão entrevistados cinco Brincantes, incluindo a Drica. A análise das informações será conduzida mediante a análise de conteúdo à luz de Bardin, articulando: a minha imersão como Brincante-pesquisador, os registros dos diários de campo e as entrevistas semiestruturadas. A fundamentação teórica baseia-se em três pilares: “Educação em Direitos Humanos” (Krenak; Mignolo; Melo); “Arte, Cultura, Sociedade” (Brayner; Brandão; Freire) e “Educação Musical e a Experiência Brincante” (Med; Souza). A pesquisa identifica o Brincante Popular como uma proposta de educação musical que persiste no ato de existir, mantendo vivos saberes ancestrais. A pesquisa fortalece os estudos sobre Educação em Direitos Humanos, ao destacar o Brincante como uma epistemologia decolonial viva.