A PROCURA POR NOVOS CAMINHOS: A INTERSECCIONALIDADE E O TRABALHO DAS MULHERES NEGRAS
EGRESSAS DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO PERNAMBUCANO.
Direitos Humanos ao Trabalho; Mulher Negra; Equiparação de Direitos; Sistema socioeducativo; Interseccionalidade.
O presente trabalho trata da investigação do racismo e sexismo existentes nas relações
laborais das trabalhadoras negras egressas do sistema socioeducativo do Estado de
Pernambuco, levando-se em consideração a influência dos elementos da escravidão colonial
que ainda persistem nessas relações de trabalho no Brasil e a discriminação por sua questão
social. Investiga-se, através de uma análise elucidativa, os reflexos das opressões de raça,
gênero e condição de classe, que repercutem no acesso dessas mulheres à conquista dos
direitos humanos ao trabalho. Analisamos como as mulheres negras oriundas do sistema
socioeducativo não conseguem auferir condições igualitárias na consecução de labores não
precarizados, diante da falta de políticas públicas efetivas que abarquem as opressões
interseccionais, além da escassez de qualificação equânime e vagas de trabalho isonômicas
para o alcance de um labor digno. Nesse contexto, o estudo analisa o viés interseccional,
conectado com os entraves sociais que coisificam e estereotipam o corpo da mulher negra,
ressaltando - através de estudos sobre o Feminismo Negro - como o racismo estrutural, o
sexismo e as relações de classe influenciam no tratamento desigual dado às trabalhadoras
negras. A ideia é investigar como as trabalhadoras negras oriundas do sistema socioeducativo
são tratadas em suas rotinas laborais e se elas conseguem auferir trabalhos igualitários após o
cumprimento da medida socioeducativa, ante a histórica discriminação interseccional que as
permeiam. A pesquisa foi desenvolvida com um viés exploratório, através da análise
qualitativa, em três etapas: a) pesquisa bibliográfica e documental das informações históricas
do trabalho escravo no Brasil no período colonial e no período contemporâneo, além da
influência histórica do feminismo nessa opressão; b) análise das lutas das mulheres negras no
contexto relacionado ao mercado de trabalho atual com o viés na interseccionalidade e
Direitos Humanos; c) análise de como as discriminações de classe, raça e gênero vividas pelas
trabalhadoras negras egressas do sistema socioeducativo, prejudicam o alcance de condições
dignas e igualitárias de trabalho, frente às mulheres brancas e aos homens.