Geoarqueologia, Paisagem Cultural e Tecnologia Lítica: fatores ocupacionais no Alto Médio Canindé, Piauí - Brasil
Alto Médio Canindé. Tecnologia Lítica. Geoarqueologia. Paisagem Cultural.
A presente tese possui como temática de estudo os fatores
ocupacionais que permearam as estratégicas de ocupação da região
conhecida como o Alto Médio Canindé, situada na transição entre a
mesorregião do Sudeste e Sudoeste do Piauí, entre os municípios de
Dom Inocêncio e Lagoa do Barro do Piauí, próxima aos limites
administrativos entre os estados do Piauí, Bahia e Pernambuco. Nessa
perspectiva, tomamos como objeto de estudo os artefatos líticos, a
paisagem cultural e os aspectos geoambientais presentes na região do
Alto Médio Canindé (PI), em especial na área onde estão situados 6
(seis) sítios arqueológicos, quais sejam: Julião 3, Floresta 1, Rio Oiteiro
1, BF 06, Mandassaia e Cansanção. Nesse âmbito, elencamos para
problemática de pesquisa o questionamento que segue: quais os
fatores arqueológicos, paisagísticos e geoambientais influenciaram as
estratégias de ocupação e, consequentemente, a formação e
organização dos sistemas de assentamento na região do Alto Médio
Canindé? Nesse entendimento, a problemática de pesquisa aqui
estabelecida possui sua relevância que justifica a sua efetivação, tanto
em âmbito acadêmico, quanto social e legal. Como objetivo geral
estabelecemos analisar os aspectos geoarqueológicos, paisagísticos e
tecnológicos da cultura material de natureza lítica que perpassaram as
estratégias de ocupação da área do Alto Médio Canindé. Ademais,
estabelecemos como objetivos específicos a serem alcançados,
mapear os sítios arqueológicos em relação aos elementos naturais;
investigar a relação simbólica com a paisagem por meio dos artefatos
líticos, localização e visibilidade dos sítios; reconstruir padrões de
mobilidade e troca entre diferentes sítios da região; desenvolver
modelos de ocupação com base em dados arqueológicos de natureza
lítica e paleoambientais. No que concerne ao aparato téorico e
metodológico, nos balizamos nas ideias preconizadas por Butzer
(1989), Schiffer, (1987); Waters (1992), Happ E Hill (1998), Goldberg &
Macphail (2006), Criado Boado (1993, 1999) e Ingold (2000; 2010) para
análises geoambientais e Andrefsky (2005), Inizan (1980; 1995),
Lemonnier (1986; 1993), Leroi-Gourhan (1984; 1987) e Pelegrin (1991;
2000) para análises acerca da tecnologia lítica. Como resultados
preliminares podemos apontar que o contexto arqueológico da região
em tela indica que a relativa escassez de matérias-primas de qualidade
lítica pode ter incentivado práticas recorrentes de reconfiguração
técnica. Dessa forma, os processos tecnológicos e geoambientais
analisados nos possibilitam inferirmos que os grupos que construíam
esses sítios exerciam um manejo econômico da pedra, mitigando a
demanda por deslocamentos longos até os afloramentos de sílex, ou
quartzito.