NIGBATI O BA LỌ SI IGBO TI AWỌN OHUN IJINLẸ, ṢỌNA ỌNA TI O PADA SI ILE (QUANDO VOCÊ FOR PARA A FLORESTA DOS MISTÉRIOS, GUARDE O CAMINHO DE VOLTA PARA CASA): NAS ENCRUZILHADAS DOS
ENCONTROS ESCREVIVENDO AS MÚLTIPLAS NARRATIVAS NEGRAS QUE CONSTROEM O CAIS DO VALONGO, RIO DE JANEIRO/RJ
Cais do Valongo; Arqueologia Latino-americana e Afrodiaspórica; Arqueologia Pública; Autoetnografia; Escrevivência Arqueológica.
Essa dissertação tem como objetivo vocalizar as narrativas que, coti-
dianamente, constroem a história do Sítio Arqueológico Cais do Va-
longo, no município do Rio de Janeiro/RJ. Localizado na região por-
tuária da cidade do Rio de Janeiro, o Cais do Valongo foi construído
em 1811 para ser o local de desembarque de africanos escravizados
no Brasil e, após diversos anos soterrado e esquecido, o espaço volta
a ter notoriedade depois de ser redescoberto durante obras de revitali-
zação da região portuária em 2011, recebendo o título de Patrimônio
Histórico da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por sua relevância his-
tória para memória da escravidão e impacto das diásporas africanas
nas Américas e no Brasil. Sendo assim, buscou-se por meio de um
debate teórico baseado na formulação de pensadores negros e latino-
americanos em contrarrespostas à colonialidade, em consonância às
arqueologias latino-americana e afrodiaspórica construir uma possibi-
lidade de reflexão contra hegemônica. Para além disso, os aportes da
Arqueologia Pública, Comunitária e Colaborativa aliadas às aborda-
gens metodológicas da autoetnografia e da escrevivência arqueológica
possibilitaram construir uma pesquisa multivocal, que vocaliza o “eu”
e o “nós” em detrimento do “outro”. Para tanto, a pesquisa apoiou-se
em conversas realizadas com organizações sociais e a de pessoas ne-
gras que circulam pelo espaço, a fim de compreender como essas nar-
rativas constroem o Cais. Assim, acredita-se que, apesar do Cais do
Valongo ser um espaço que remete a dor do povo negro, o espaço vem
sendo ressignificado, tornando-se símbolo de resistência, resiliência e
memória das populações afrobrasileiras.