DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO POR MANUFATURA ADITIVA DE MICROAGULHAS BIOINSPIRADAS E FUNCIONALIZADAS EM ESTRUTURAS HIERÁRQUICAS ATIVO-PASSIVAS COM AÇÃO AUTODESCONTAMINANTE
microagulhas; nanocompósito imprimível; aplicações biomédicas; estereolitografia.
A vacinação é considerada uma das mais significativas intervenções em saúde para o controle de doenças infecciosas. Apesar dos avanços, sistemas de entrega transdérmicos ainda não estão bem estabelecidos para administração de vacinas, o que seria ideal, já que a pele é o maior órgão do corpo humano e permite a entrega de drogas de forma controlada. No entanto, a administração transdérmica de drogas vem sendo utilizada apenas para um pequeno grupo de medicamentos, já que a maioria dos compostos não consegue atravessar a pele em taxas terapêuticas. As extraordinárias propriedades de barreira do estrato córneo, a parte mais externa da pele, permitem que apenas certas moléculas, como as de baixo peso molecular, ou drogas lipofílicas, passem por ele. A baixíssima permeabilidade da pele pode ser contornada com o uso de microagulhas, que são microestruturas pontiagudas projetadas para romper a pele atingindo a microcirculação dérmica, permitindo a entrega de macromoléculas e vacinas, de forma indolor e segura. A manufatura aditiva fornece soluções versáteis, simples, de alta reprodutibilidade e precisão em escala micrométrica, para a fabricação de microagulhas de maneira rápida, confiável e econômica. Este trabalho traz uma proposta de produção e caracterização de microagulhas imprimíveis com material ativo, bioinspiradas nas microestruturas dos pelos urticantes da Urtica dioica (L.), e para isto, algumas ações estão sendo executadas: a primeira, envolve o desenvolvimento de um nanocompósito polimérico imprimível e biocompatível, com ação autodescontaminante das superfícies impressas. A fase nanométrica deste compósito, formada por nanopartículas de prata produzidas em biovidros dopados, triturados e misturados em resina imprimível, confere propriedade bactericida ao material. Nanotubos de carbono de paredes múltiplas podem constituir outra fase nanométrica do compósito, com objetivo de formação de nanoagulhas, formando estruturas hierárquicas em tamanho (nanoagulhas sobre microagulhas bioinspiradas). Para orientação desses nanotubos, aplicou-se um campo elétrico e foi possível alinhá-los. A partir desta aprova de conceito, pretende-se orientá-los durante as impressões para obtenção das nanoagulhas nas superfícies impressas. Numa outra ação, está sendo desenvolvida uma resina biocompatível em conjunto com o LASOM/DQF/UFPE, que será utilizada como fase polimérica dos nanocompósitos na impressão das microagulhas bioinspiradas. Foram realizados testes de toxicidade das resinas comerciais e nanocompósitos preparados, em colaboração com a FIOCRUZ PE (Instituto Aggeu Magalhães), que indicaram as amostras com viabilidade celular. Também foram caracterizadas as topologias impressas e obtidas informações de rugosidade, inclusive microtexturização biomimetizada, que permitiram avaliar o limite de resolução das impressoras.