PONTOS DE CARBONO OBTIDOS DO BAGAÇO DE CANA E SUA APLICAÇÃO COMO MARCADORES FLUORESCENTES DE ETANOL COMBUSTÍVEL
ponto de carbono; marcador; etanol hidratado combustível.
Neste trabalho, o bagaço de cana seco e carbonizado no forno nas temperaturas de 200, 325 e 450 °C foi utilizado como precursor de pontos de carbono através de uma síntese solvotermal. O nanomaterial fluorescente à base de carbono foi testado como marcador de etanol hidratado combustível para possível prevenção de fraudes e adulterações. Para isso, os pontos de carbono produzidos foram caracterizados por microscopia eletrônica de transmissão (MET), espalhamento de luz dinâmico (DLS), potencial zeta, análise termogravimétrica (TGA), espectroscopia de absorção, espectroscopia de emissão e espectroscopia de infravermelho. Após serem sintetizados, os pontos de carbono apresentaram fluorescência azulada. A microscopia eletrônica de transmissão mostrou nanopartículas com formato esférico ou quase esférico com tamanhos na faixa de 1 a 5 nm para o bagaço de cana seco e de 1 a 3,5 nm para o bagaço de cana carbonizado. Esses valores foram diferentes dos tamanhos observados no DLS, que variaram na faixa de 0,8 a 5.560 nm. Esses resultados associados aos de potencial zeta indicaram a formação de agregados de nanopartículas, resultado de uma certa instabilidade das amostras. Já os espectros de absorção dos pontos de carbono produzidos com o bagaço de cana seco e carbonizado no forno a 200°C apresentaram uma única banda larga, diferente do que é visto na literatura, mas dentro das faixas de 200 a 400 nm relacionados com transições eletrônicas carbono–carbono do núcleo aromático e de ligações de grupos funcionais na superfície. Os espectros de emissão do bagaço de cana seco e carbonizado a 200 °C apresentaram intensidades parecidas entre si, mas com larguras das bandas a meia altura diferentes. Para o bagaço carbonizado o valor foi de 110 nm, enquanto a do bagaço de cana seco foi de 85 nm. Os pontos de carbono obtidos do bagaço de cana carbonizado a 200 °C foram excitados em diversos comprimentos de onda e apresentaram dependência do comprimento de onda de excitação, deslocando seu máximo de intensidade de fluorescência de 425 nm até 565 nm. Os espectros de infravermelho mostraram que altas temperaturas removeram os grupos responsáveis pela fluorescência na superfície do nanomaterial, diminuindo a fluorescência dos pontos de carbono nas temperaturas de 325 °C e 450 °C. Os objetivos do trabalho foram alcançados, pois foi possível realizar a marcação do etanol hidratado combustível do posto Petrobrás BR com os pontos de carbono sintetizados neste trabalho usando-se espectros de absorção e emissão.
Entretanto, os pontos de carbono produzidos com bagaço carbonizado a 200 °C só puderam ser detectados em uma ordem de grandeza acima de partes por milhão, ou seja, além do limite de concentração permitido pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).