FILMES DE POLIURETANO INTELIGENTES MODIFICADOS COM POLIVINILCAPROLACTAMA
Curativos, poliuretano, polímeros termorresponsivos, PNVCL, radiação gama, enxertia e polimerização
Materiais ou sistemas poliméricos inteligentes, sensíveis a estímulos externos,
têm sido cogitados para inúmeras aplicações na área biomédica, como por exemplo, na liberação
controlada de drogas e adsorção de biomoléculas. O poli(N-vinil caprolactama) é um polímero
termorresponsivo, com temperatura crítica próxima a temperatura do corpo humano, que vem se
destacando por ser biocompatível, não tóxico e de baixo custo comparado a outros polímeros
inteligentes. Uma das aplicações possíveis para esse polímero é na confecção de curativos inteligentes,
que favoreçam a proliferação e adesão de proteínas e células no estado hidrofóbico, abaixo de sua
temperatura crítica de solubilidade (LCST), e que, quando aquecidos acima da LCST, possam promover
o descolamento das células, facilitando a remoção do curativo sem danificar o novo tecido formado. No
presente trabalho foram desenvolvidos filmes de poliuretano termoplástico (TPU), já tradicionalmente
usados em curativos, modificados superficialmente pela enxertia e polimerização do NVCL via radiação
gama em doses de 5 e 20 kGy. O polímero puro poli(N-vinil caprolactama) (PNVCL) também foi
produzido por radiação gama nas mesmas dosagens. Os materiais desenvolvidos foram caracterizados
físico-quimicamente pelas técnicas de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR), termogravimetria (TGA) e calorimetria diferencial exploratória (DSC), A temperatura de transição
crítica (LCST) foi determinada através da medição de ângulo de contato, do método de ponto de nuvem
e por DSC. Os resultados de FTIR confirmaram a polimerização do monômero, assim como a enxertia
do PNVCL no TPU. Os termogramas (TGA) e suas derivadas (DTG) indicaram que, em maior dose de
irradiação, houve uma diminuição na estabilidade térmica, possivelmente favorecida pelo efeito de
degradação em presença de oxigênio. A avaliação do LCST pelo ponto de nuvem revelou que os
homopolímeros obtidos apresentaram os primeiros sinais de turbidez a partir de 30ºC, enquanto que
para as amostras enxertadas o valor foi de até 7ºC menor. As medidas do ângulo de contato dos
homopolímeros confirmaram a maior hidrofilicidade do polímero abaixo da sua LCST e menor
molhabilidade da água acima da LCST. O presente trabalho contribui para o desenvolvimento de
curativos inteligentes inovadores com potencial aplicação na área biomédica.