QUÍMICA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: NOVAS PERSPECTIVAS DE
PROPRIEDADES MICRO E MACROSCÓPICAS DE CONCRETOS,
concreto; argamassa; adições minerais; termodinâmica;
propriedades microscópicas; propriedades macroscópicas
Esta pesquisa, foi dividida em duas partes: (i) uma interpretação Química das
atividades pozolânicas de adições minerais em concretos; (ii) uma perspectiva Química e dos riscos à
saúde da utilização de resíduos agroindustriais nas propriedades micro e macroscópicas de concretos. Na
primeira parte deste trabalho, a espectroscopia de fluorescência de raios-X (FRX), mostrou que o forte
índice das atividades pozolânicas da sílica ativa, medido pelo método de Chapelle modificado, estão
relacionadas à sua eficiência em formar sistemas CSH, quando comparado com as adições de metacaulim
e cinzas volantes. Além disso, os valores das propriedades termodinâmicas das reações de hidratação dos
concretos, preparados com estas adições minerais, revelaram que as hidratações do cimento Portland
foram similares. Em seguida, os resultados de MEV/EDS mostraram que na superfície dos concretos com
adições minerais, apresentaram semelhanças entre si, os quais, apresentam proporções maiores de SiO2
quando comparados com as amostras de referência. Adicionalmente, a difração de raios-X, mostrou que a
presença dos sistemas minerais aumenta a formação da fase amorfa CSH. Pela perspectiva macroscópica,
as análises quimiométricas das propriedades mecânicas dos concretos, mostraram que ao comparar todos
os concretos, os materiais preparados com sílica ativa exibiram as melhores propriedades mecânicas e as
amostras de referência, apresentaram as mais baixas. Enquanto os materiais preparados com metacaulim e
cinzas volantes, suas resistências foram intermediárias, e seus comportamentos mecânicos foram
semelhantes dentro do tempo de cura estabelecido, os quais foram estatisticamente comprovados pelo
intervalo de confiança com uma significância de 0,05.
Em relação à segunda parte da pesquisa, os experimentos de FRX, mostraram que as adições de
cinza de bagaço de cana-de-açúcar, como materiais suplementares, aumentaram a presença de compostos
inorgânicos reativos em concretos. Neste estudo foram estudadas duas cinzas, as quais, foram chamadas
de SBA I e de SBA II. Propriedades termodinâmicas das reações de hidratação do cimento nos concretos
preparados com estas cinzas, indicaram que estas reações químicas são espontâneas. Adicionalmente,
análises térmicas via TGA mostraram diferenças significativas de perda de massa entre as cinzas de
bagaço-da-cana de açúcar investigadas. Do ponto de vista estrutural e microestrutural, experimentos de
difração de raios-X (DRX), mostraram que para as cinzas do bagaço de cana-de-açúcar hidratadas, havia
quantidades significativas de fases amorfas. Os resultados de DRX revelaram que os concretos
preparados com cinzas do bagaço da cana-de-açúcar, precisaram de um tempo de cura superior aos 28
dias para a formação de fases importantes no material, tal como a fase CSH. Dados de MEV/EDS
revelaram que os concretos de referência e o CSBA II apresentaram uma quantidade significativa da fase
CSH, quando comparado ao concreto CSBA I. Pela perspectiva macroscópica, na segunda etapa da
pesquisa, as adições dos sistemas SBA I e SBA II em concretos, intensificaram as resistências à
compressão axial (média de 50 MPa) quando comparada às amostras de referência (45 MPa). A partir
destes resultados, as análises quimiométricas revelaram que após 365 dias tanto o CSBA I quanto as
amostras de referência apresentam, estatisticamente, os mesmos resultados, enquanto o CSBA II
apresentou maiores propriedades mecânicas quando comparado ao CSBA I e as de referência. É possível
concluir que as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar, podem ser utilizadas como substitutos parciais do
cimento, que normalmente emite CO2 em sua fabricação (cimento Portland).