A influência da integridade funcional do trato corticoespinhal no efeito induzido pela estimulação elétrica por corrente contínua na recuperação motora de pacientes pós-acidente vascular encefálico
Estimulação transcraniana por corrente contínua; acidente vascular encefálico; membro superior, trato corticoespinal
Introdução: a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS) tem demonstrado ser um tratamento eficaz para a recuperação motora do membro superior após acidente vascular encefálico (AVE). No entanto, a grande variabilidade da resposta terapêutica a tDCS limita sua implementação na prática clínica. Biomarcadores neurofisiológicos com valores prognósticos para resposta tDCS na recuperação motora após AVE são pouco estudados. Objetivo: este estudo teve como objetivo investigar se a integridade funcional do trato corticospinal (TCS) pode predizer o efeito da tDCS na recuperação motora do membro superior após AVE crônico. Métodos: foi realizado um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e sham-controlado com 35 pacientes com AVE crônico.Os pacientes receberam aplicação de tDCS anódica no córtex motor do hemisfério lesionado (grupo tDCS) ou aplicação de tDCS por 30 segundos (grupo sham) associada à fisioterapia durante 10 sessões (5 sessões semanais). A integridade funcional do TCS do hemisfério lesionado foi avaliada pela presença do potencial evocado motor (PEM) induzido pela estimulação magnética transcraniana (TMS). A seção da membro superior da escala Fugl Meyer (FMA-MS) foi empregada para identificar os respondedores e não respondedores ao tratamento (> 5,2 pontos) para cada grupo. Resultados: os resultados mostraram que os pacientes que receberam estimulação anódica e tinham PEM presente exibiram maiores ganhos na função motora após o tratamento e tiveram uma porcentagem maior de respondedores em comparação com pacientes que receberam estimulação fictícia. Conclusão: o efeito induzido pela tDCS na função do membro superior de pacientes com AVE crônico parece depender da integridade funcional do trato corticospinal. Esses achados podem ajudar a orientar a decisão clínica de acordo com o perfil de cada paciente.