AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DA MUSCULATURA PERIFÉRICA E RESPIRATÓRIA E SUA RELAÇÃO COM A FORÇA MUSCULAR EM PACIENTES COM ESCLEROSE SISTÊMICA
Escleroderma Sistêmico; Sistema Musculoesquelético; Força muscular; Testes de Função Respiratória; Ultrassonografia.
A esclerose sistêmica (ES) é uma doença do tecido conectivo, heterogênea e multissistêmica. O principal órgão acometido é a pele, mas pode ocorrer acometimento de outros órgãos e sistemas, incluindo pulmões, sistema musculoesquelético, rins, coração e trato gastrointestinal, o que piora ainda mais o prognóstico desses pacientes. O envolvimento muscular pode estar presente em graus variados de fraqueza e atrofia muscular, sendo associado a mau prognóstico, afetando negativamente a sobrevida. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a força e espessura da musculatura periférica e respiratória e mobilidade da musculatura respiratória dos pacientes com ES em comparação com uma amostra de indivíduos saudáveis e correlacionar medidas de força com medidas de espessura da musculatura periférica e respiratória em pacientes com ES. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022, desenvolvido no ambulatório de reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e no Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar do Departamento de Fisioterapia com pacientes com diagnóstico de ES e voluntários saudáveis. Os pacientes foram inicialmente submetidos a uma avaliação clínica com coleta de informações referentes à doença e aplicação do questionário para avaliação do nível de atividade física (International Physical Activity Questionnaire) e de incapacidade (Health Assessment Questionnaire - Disability Index). Em seguida, foram realizados testes de força muscular periférica, por meio da dinamometria manual; e força muscular respiratória, com manovacuômetro digital. Por fim, foi realizada a avaliação da espessura muscular do quadríceps do membro dominante, espessura muscular do diafragma e a mobilidade do diafragma, por meio da ultrassonografia. Os resultados foram expressos como valores de mediana e intervalo interquartil ou como frequências. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para comparar os grupos e as correlações de Spearman foram calculadas para investigar as associações entre as variáveis. A análise dos dados foi realizada com o software IBM SPSS 22.0. O nível de significância estatística foi estabelecido em p<0,05. Foram recrutados 32 indivíduos, sendo 16 pacientes com ES, todas mulheres, e com média de idade 49 (25-59) anos e 16 mulheres no grupo controle com média de idade de 41 (26-59) anos. O tempo médio de doença foi de 144 (17-360) meses. O grupo ES apresentou valores menores na avaliação da força muscular periférica e respiratória (p= <0,0001). Já na avaliação por meio da ultrassonografia, os pacientes com ES apresentaram valores menores para espessura de quadríceps do membro dominante e para mobilidade do diafragma (p= <0,0001 e p= 0,01) quando comparados a indivíduos saudáveis. Além disso, a força muscular periférica apresentou moderada correlação com espessura muscular do quadríceps (rho=0.576; p=0,020). Dessa forma, concluímos que pacientes com ES apresentam força muscular periférica e respiratória, espessura de quadríceps e mobilidade de diafragma reduzidas quando comparada a indivíduos saudáveis. Além disso, existe uma correlação moderada entre força e a espessura da musculatura periférica nessa população.