Função endotelial, rigidez arterial, variabilidade da frequência cardíaca e desfechos clínicos de adultos com doenças cardiovasculares hospitalizados pela COVID-19
Endotélio, rigidez arterial, COVID-19, doença cardiovascular.
Introdução: A resposta inflamatória sistêmica e os distúrbios no sistema imunológico decorrentes da doença do novo coronavírus (COVID-19) explicam a alta incidência de complicações cardiovasculares da doença, especialmente naqueles pacientes com doenças cardiovasculares (DCV) pré-existentes. Objetivo: Avaliar a função endotelial, rigidez arterial e variabilidade da frequência cardíaca (VFC) de adultos com DCV hospitalizados pela COVID-19 e relacioná-los com os resultados clínicos. Métodos: Estudo transversal realizado de julho de 2020 a fevereiro de 2021 no Hospital Agamenon Magalhães, Pernambuco, Brasil. Foi selecionada uma amostra por conveniência de adultos de ambos os sexos com idade de 40 a 60 anos, hospitalizados com COVID-19 e DCV prévia. Foram analisados dados pessoais, comorbidades, registros de marcadores sanguíneos e evolução clínica até a alta hospitalar. A função endotelial, rigidez arterial e VFC também foram avaliadas, através da tonometria arterial periférica. A amostra foi categorizada de acordo com a disfunção endotelial e a significância estatística foi fixada em 5%. Resultados: Quatorze dos vinte e sete adultos incluídos apresentavam disfunção endotelial (mediana do logaritmo natural do índice de hiperemia reativa de 0,29, intervalo interqual entre 0,06 e 0,42). O índice de aumento normalizado para a frequência cardíaca (75 batimentos por minuto) foi significativamente alto em pacientes com função endotelial preservada (p < 0,01), sugerindo uma alta taxa de rigidez arterial. Pacientes com disfunção endotelial apresentaram maiores valores de alta frequência (p < 0,03) de VFC e maior necessidade de internação em unidade de terapia intensiva (64,3%), ventilação mecânica (35,7%) e eventos cardiovasculares adversos (57,1%). Conclusão: Nosso estudo sugere a disfunção endotelial como mecanismo precoce de distúrbios vasculares e possíveis preditores de alterações cardiovasculares em adultos com DCV acometidos por COVID-19.