DOR MUSCULOESQUELÉTICA EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE ATUANTES NA LINHA DE FRENTE DA PANDEMIA DE COVID-19
COVID-19; Dor musculoesquelética; Estresse ocupacional; Profissionais de saúde.
Introdução: A pandemia de COVID-19, deflagrada, pela OMS em março de 2020, constitui uma das maiores crises sanitárias do mundo. No Brasil, os profissionais de saúde estão sobrecarregados e enfrentando desafios com graves consequências físicas e psicossociais. Dentre estas, a dor musculoesquelética (ME) tem elevada prevalência em trabalhadores da saúde, bem como, o comprometimento da saúde mental devido à alta exposição ao estresse. Estas condições podem acarretar prejuízos à qualidade de vida dos profissionais, bem como à qualidade da assistência à saúde. Objetivo: Estimar a prevalência de dor ME e identificar os fatores preditores em profissionais de saúde atuantes na linha de frente da pandemia de COVID-19 em serviços de terapia intensiva e de urgência e emergência. Método: Trata-se de um estudo de prevalência, realizado por meio de questionário on-line. A coleta de dados ocorreu através do envio de formulários eletrônicos por e-mail ou plataformas de mídias sociais, direcionados para profissionais de saúde de unidades de terapia intensiva e de serviços de urgência e emergência do Brasil que prestavam assistência a pacientes acometidos pela COVID-19. O questionário contemplava dados sociodemográficos, clínicos e ocupacionais e um instrumento para avaliação de sintomas de depressão, ansiedade e estresse - Depression, Anxiety and Stress Scale – Short Form (DASS – 21). Os dados foram tabulados e processados utilizando-se os programas Microsoft Excel, versão 2016 e processados utilizando o Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para Windows (IBM Corp., Armonk, NY, EUA). O teste t foi usado para associar as variáveis contínuas e o teste do qui-quadrado de Pearson ou Teste Exato de Fisher, para avaliar as variáveis categóricas. As variáveis independentes que apresentaram significância estatística (p<0,05 ou p<0,20) constituíram dois modelos de análise de regressão como fatores preditores: um para dor musculoesquelética e outro para os fatores psicossociais.Para a variável dependente dor musculoesquelética, foi gerado um modelo de regressão logístico binário.Para a variável quantitativa - escore do DASS-21 foi realizado um modelo de regressão linear múltiplo. Foi construído um modelo preditor para identificar as variáveis que mais influenciaram a ocorrência da dor musculoesquelética.Resultados: A amostra foi constituída por 209 profissionais de saúde - enfermeiros (28,7%), técnicos de enfermagem (30,1%), fisioterapeutas (33%) e médicos (8,1%) - com predomínio de mulheres (80,9%), média de idade de 34,6 anos (DP: 8,36). A prevalência de dor ME foi de 84,7% (n=177). Os indivíduos com dor ME apresentaram maior ocorrência de atividade física insuficiente (menos de 150 minutos por semana), baixa qualidade do sono, diagnóstico e tratamento psiquiátrico prévio e maiores níveis de estresse, ansiedade e depressão. Foi encontrado que 22% da variação da ocorrência da dor pode ser explicada pela atividade física insuficiente e maiores níveis de estresse. Conclusão: A prevalência de dor musculoesquelética em profissionais de saúde atuantes na linha de frente da pandemia de COVID-19 em serviços de terapia intensiva e de urgência e emergência foi de 84,7% e os principais fatores preditores identificados foram atividade física insuficente e sintomas de estresse.