RELAÇÕES DE PODER E UNIDADE PRISIONAL FEMININA: as masculinidades na Colônia Penal Feminina do Recife
relações de poder; gênero; orientação afetivo-sexual; pessoas privadas de liberdade; machismo.
A presente pesquisa analisa as relações de poder existentes na Colônia Penal
Feminina de Recife, focando principalmente na identidade de gênero, nas orientações
afetivo-sexuais e nas performances de gênero e tendo como referência a influência
desses elementos nas relações de poder. Nesse ínterim, considerando as
especificidades de ser a maior unidade prisional feminina de Pernambuco,
contextualizaram-se as características culturais, sociais e estruturais locais, de forma
a criar um paralelo em relação aos demais estados do país. A pesquisa buscou
compreender as características, performatividades e dinâmicas comuns às
masculinidades nas relações sociais, sexuais e afetivas em um local
predominantemente habitado por mulheres. Para o desenvolvimento do trabalho,
partimos da seguinte pergunta: quais as influências das diferentes identidades de
gênero e das orientações afetivo-sexuais, bem como as performances de gênero, nas
relações de poder entre as pessoas privadas de liberdade na Colônia Penal Feminina
de Recife? Para responder à pergunta de pesquisa, estabelecemos o objetivo geral
de analisar as relações de poder de acordo com as identidades de gênero, as
orientações afetivo-sexuais e as performances de gênero entre as pessoas presas
que estão na Colônia Penal Feminina de Recife. Por sua vez, os objetivos específicos
da presente dissertação são: a) examinar as relações sociais de lésbicas, mulheres
bissexuais, homens trans e pessoas com performance de gênero masculino com
mulheres cis e heterossexuais na CPFR; b) verificar as práticas discursivas de
lésbicas, mulheres bissexuais, homens trans e pessoas com performance de gênero
masculino e o poder que esses discursos exercem perante mulheres cis e
heterossexuais; c) compreender a relação entre LGBTfobia, patriarcado,
masculinidades e machismo nas relações sociais entre pessoas privadas de
liberdade. A metodologia utilizou a abordagem qualitativa, a partir de entrevistas
contendo perguntas semiestruturadas, subsidiada pela Análise Textual Discursiva
(ATD). O resultado apontou que há diversas formas de relações de poder dentro da
CPFR, e as masculinidades, o machismo e o patriarcado são reproduzidos e se
desenvolvem com relevância nas relações afetivas e sociais.