IDENTIDADE E DIREITOS HUMANOS: A CONSTRUÇÃO E (RE)AFIRMAÇÃO
DA IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL DOS JOVENS DA COMUNIDADE
QUILOMBOLA DE SANTA CRUZ DO COQUEIRO (MIRANGABA-BA).
Direitos Humanos; Quilombola; identidade ético-racial
O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão oficialmente, após
trezentos e oitenta e oito anos, em média, de exploração de negros e negras raptados de
seus países no continente africano, de indígenas desterritorializados e explorados, em
resumo, pessoas cujas identidades foram dissolvidas nesse emaranhado de situações.
Nesse sentido, essas vivências, naturalmente, não ocorreram pacificamente, pelo
contrário, foi a partir da necessidade de sobrevivência física e cultural que diversas lutas
foram travadas entre os explorados (negros, negras e indígenas) e explorador (branco
europeu), e com isso, diversas estratégias de lutas para sobrevivência tiveram que ser
implementadas, a exemplo da criação de Quilombos e Mocambos em terras brasileiras.
Os Quilombos são símbolos de lutas e resistências do povo negro contra as
opressões do sistema escravista, notadamente na nossa realidade brasileira, pois no
continente africano era comum esse tipo de construção/organização. Na nossa realidade,
além dos africanos, todas as pessoas que sofreram com esse sistema, índios, mulatos,
fugitivos do serviço militar, criminosos, em suma, os marginalizados, se abrigaram em
Quilombos para garantirem a sobrevivência, visto que a sociedade não os queria por perto.
Em documentação oficial o termo “quilombo” só aparece por volta do século
XVII. Ressalte-se que outra terminologia usada era “mocambo”, de qualquer forma um
ou outro designava, no fim das contas, a mesma situação, representavam transgressão à
ordem escravista (GOMES, 2015).